Radio Rolim FM

PUBLI

Esporte

Postos do Corinthians pertencem a alvos de megaoperação contra o PCC; clube diz que licenciou a marca e acompanha invest

Os três estabelecimentos constam na Agência Nacional do Petróleo (ANP) em nome de Pedro Furtado, Himad Mourad e Luiz Ernesto Franco, investigados pela

Postos do Corinthians pertencem a alvos de megaoperação contra o PCC; clube diz que licenciou a marca e acompanha invest
internet
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

Três postos oficiais do Corinthians, divulgados pelo próprio clube em seu site, funcionam em endereços que aparecem na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como pertencentes a alvos da Operação Carbono Oculto — deflagrada em agosto e considerada a maior já realizada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Procurado, o Corinthians afirmou que não administra diretamente os postos e que eles são operados por uma empresa licenciada, responsável por intermediar o contrato com donos de postos para veicularem a marca do time. O clube disse acompanhar as investigações e que poderá adotar medidas jurídicas em relação aos contratos, caso necessário.

 

g1 levantou na base da Receita Federal quais são as empresas registradas nos nomes de alvos da operação. Depois, checou quais delas estão registradas como postos de combustíveis na ANP — responsável pelas autorizações de funcionamento de postos no país.

Posto Corinthians localizado na Avenida Lider, Zona Leste de São Paulo — Foto: GoogleStreetView

Posto Corinthians localizado na Avenida Lider, Zona Leste de São Paulo — Foto: GoogleStreetView

Ao todo, pelo menos 251 postos de combustíveis estão ligados a 16 alvos da operação, em quatro estados (leia mais aqui).

Segundo o levantamento, os três postos funcionam como "Posto Corinthians" e estão localizados na Zona Leste de São Paulo. Todos são bandeira branca (não estão ligados a marcas específicas de distribuidoras de combustíveis) e aparecem na base da ANP com outras razões sociais:

 

 

  • Auto Posto Mega Líder Ltda – Avenida Líder, 2000 (Cidade Líder);
  • Auto Posto Mega Líder 2 Sociedade Unipessoal Ltda – Avenida São Miguel, 6337 (Vila Norma);
  • Auto Posto Rivelino Ltda – Avenida Padre Estanislau de Campos, 151 (Conjunto Habitacional Padre Manoel da Nóbrega).

 

O Corinthians divulgou oficialmente a inauguração de unidades do "posto Corinthians" quando foram inauguradas, com reportagens no site institucional do clube nos anos de 2021, 2022 e 2023. Esses são os únicos postos oficiais do clube.

A informação de que os postos pertenciam a Luiz Ernesto Monegatto e Pedro Furtado Gouveia Neto foi revelada pelo portal O Bastidor em maio de 2025, antes da deflagração da Operação Carbono Oculto.

No cruzamento feito pela reportagem, o posto Rivelino, da Avenida Padre Manoel, aparece na Receita Federal associado a Pedro Furtado Gouveia Neto. Já na autorização de funcionamento da ANP, o sócio apontado é Himad Abdallah Mourad.

Neto e Mourad são apontados na investigação contra o PCC como parte do grupo chefiado por Mohamad Hussein Mourad.

Mohamad é apontado pela Justiça de São Paulo como figura central do esquema do PCC, que segundo os investigadores, teria "ramificações em múltiplos estados, praticando crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, fraudes tributárias e estelionato em operações que superam a cifra de R$ 8,4 bilhões". Suas ações na facção vão além do ramo de combustíveis.

 

Pedro Furtado Gouveia Neto é descrito na decisão judicial que baseou a operação como representante da GGX Global, empresa citada como integrante de serviços administrativos do grupo de Mohamad.

Ele foi alvo de mandados de busca e apreensão, inclusive pessoal e veicular, e é apontado pelos investigadores como peça relevante na administração de dezenas de postos ligados à rede de Mourad. Procurada, a defesa de Neto não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Já Himad Abdallah Mourad, primo de Mohamad, é descrito pelos investigadores como um dos expoentes da organização criminosa, responsável por criar estruturas empresariais e usar fundos para blindagem patrimonial e lavagem de capitais.

Segundo as investigações, Himad participa, ao todo, do quadro societário de 103 postos de combustíveis ligados ao núcleo familiar e empresarial de Mohamad Hussein Mourad.

Himad foi alvo de mandado de busca e apreensão, pessoal e veicular. O g1 não conseguiu localizar a defesa de Himad sobre a suposta ligação com o PCC e a propriedade do Posto do Corinthians.

Os outros dois postos que levam o nome e símbolo do clube de futebol — Mega Líder e Mega Líder 2 — estão associados ao nome de Luiz Ernesto Franco Monegatto, alvo da Operação Carbono Oculto.

 

A Justiça o cita Monegatto como sócio em empresas de combustíveis e em transações imobiliárias ligadas à lavagem de capitais realizadas pelo grupo comandado por Mohamad Hussein Mourad. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão, pessoal e veicular, durante a operação. O g1 não conseguiu localizar a defesa de Monegatto.

O posto Mega Líder aparece com registros distintos nas bases de dados oficiais: na Receita Federal, a razão social cadastrada é Auto Posto Mega Líder Ltda. já na Agência Nacional do Petróleo (ANP), a autorização está vinculada ao nome Auto Posto Timão Ltda. — Timão é uma referência a um dos apelidos dados ao Corinthians.

Questionada sobre a divergência, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) afirmou que a alteração entre registros na Receita Federal e na própria ANP caracteriza irregularidade.

A Agência informou ao g1 que notificará as empresas para atualização dos dados cadastrais e que, em caso de descumprimento, poderá abrir processo administrativo que pode resultar na revogação da autorização de funcionamento.

O contrato para a abertura do Auto Posto Timão foi assinado em 30 de abril de 2021 durante a gestão do então presidente Duilio Monteiro Alves. Ao g1, ele afirmou que o contrato de licenciamento existia antes de sua posse como presidente do Corinthians.

 

 

"Os aditivos contratuais assinados em minha gestão autorizaram a operação das primeiras unidades e passaram pelos órgãos competentes do clube, tendo sido assinados com empresas autorizadas por agência fiscalizadora federal. Desconheço que tenha havido qualquer irregularidade ou denúncia feita sobre esse contrato até o último dia de minha gestão", afirmou.

 

Segundo Duilio, os contratos possuem cláusula de responsabilização pela operação, o que, segundo ele, "assegura ao clube ser ressarcido por qualquer eventual dano causado à instituição e à sua imagem".

 

Corinthians é investigado pelo MP-SP por suspeita de vínculo com o PCC

 

Além de postos de combustíveis em endereços de pessoas suspeitas de terem algum vínculo com o PCC ou com integrantes da facção, o Ministério Público de São Paulo investiga a possível infiltração do grupo criminoso em antigas administrações do Corinthians, como antecipado pelo ge.

Pessoas relacionadas à investigação afirmaram ao g1 que o clube teria alugado imóveis de um suposto membro da facção citado pela Justiça como o financiador do tráfico e da lavagem dos recursos do PCC. Apesar disso, ele não foi alvo da operação Carbono Oculto.

Os imóveis eram usados por jogadores da equipe masculina de futebol e que não teriam a ver com os contratos de aluguel — feito por integrantes do clube.

 

O clube também possui uma série de notas fiscais de compras realizadas em postos para abastecer os seus veículos. Um deles, o Auto Posto Gold Star, fica localizado próximo ao Parque São Jorge, na Zona Leste de São Paulo, e está na lista entre os 251 empreendimentos vinculados a suspeitos de ligação com a facção, ainda segundo a Justiça paulista.

 

O que dizem as partes

 

 

Corinthians

 

"O Sport Club Corinthians Paulista informa que não é o administrador responsável pelos postos de gasolina citados pela reportagem. Nesses casos o Clube esclarece que trata-se de um contrato de licenciamento de sua marca.

O Corinthians também informa que acompanha com máxima atenção o andamento das investigações para — se necessário — tomar as medidas jurídicas cabíveis em relação aos contratos de licenciamento com os postos de gasolina citados pela reportagem."

 

Duilio Monteiro Alves

 

“Trata-se de um contrato de licenciamento que previa a criação da rede de postos Corinthians, já existente no clube antes da minha posse como presidente. Os aditivos contratuais assinados em minha gestão autorizaram a operação das primeiras unidades e passaram pelos órgãos competentes do clube, tendo sido assinados com empresas autorizadas por agência fiscalizadora federal. Desconheço que tenha havido qualquer irregularidade ou denúncia feita sobre esse contrato até o último dia de minha gestão. Destaco que nosso Departamento Jurídico ainda incluiu uma cláusula de responsabilização pela operação, que assegura ao clube ser ressarcido por qualquer eventual dano causado à instituição e à sua imagem.”

FONTE/CRÉDITOS: Por Redação g1, g1 — São Paulo
Comentários:

Veja também